Thursday, December 02, 2004

Em dezembro chove quase todos os dias. O ceu varia entre azul e cinza. Azul quando esta quente e nao chove e cinza nos dias de meio termo e chuva. Da minha janela vejo o predio da frente e uma fila de cabritos atravessando a rua. Me pergunto onde eles vao, a rua nao tem saida. De repente, como se tivesse levado um soco, vejo que eu tambem nao sei aonde ir. Esses cabritos com certeza tem um destino: algum gramado proximo ou, na pior das hipoteses, a panela de alguem. Alem da morte certa, porem, nao consigo ver ou prever nada para mim. Quero dizer, nada em vida. Me lembro de que sempre fui assim, nunca tive muitos planos, desde crianca. E outro dia mesmo ouvi alguem falando na TV que quem nao tem metas, nao chega a lugar nenhum! Pelo jeito, lugar algum e o meu destino.

Todos sairam e entao fiquei sozinha neste apartamento cheio de livros nao lidos e poeira. E me lembro de como fui feliz aqui e como tudo era tao diferente do que e hoje. E como envelheci e tambem fiquei cheia desse po, assim como tudo em minha volta. Sou alguem diferente presa neste corpo e colada/trancada com cadeados invisiveis a este lugar. Pertenco a um lugar diferente.

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