Wednesday, August 30, 2006

JCC

No ultimo dia, o ultimo dos ultimos, cheguei no horario de costume. E, como de costume, alguns ja estavam la, outros nao. Todos os pequenos de camiseta vermelha (como fora combinado), era uma segunda feira comum. Mas nao para mim. A manha correu, passou mais rapido que todas as minhas outras manhas la. E com a minha camera, tentei capturar cada momento - mas estes sao impossiveis de manter ou guardar, sao apenas momentos. Triste, me despeco de tudo e todos. Parto para casa com presentes na bolsa, flores nas maos e um vazio no peito.

Wednesday, August 23, 2006

O banquete, a gula e a dor na consciencia

8:45 - Estava dormindo feliz...

9:11 - Toca o telefone. E o landlord entusiasmado porque quer sair. Aos poucos percebo que ele havia levado um bolo da namorada.

9:30 - Conseguimos concordar com alguma coisa, vamos sair para jantar mais tarde.

9:32 - Toca o telefone de novo. E o meu pai ligando do Brasil. Resolvo levantar da cama. Durante a ligacao, a chamada em espera do celular toca varias vezes. E o landlord de novo.

9:54 - Termino a ligacao com o meu pai e ligo pro landlord. Ele quer almocar dim sum. Aparentemente ele esta se sentindo sozinho. Marcamos para as 11:30 porque segundo ele o lugar lota.

Saimos atrasados de casa, 11:50. O landlord foi dirigindo "porque era mais rapido". Eu aceito o insulto numa boa, ainda mais com o preco do oleo... A 1 da tarde ainda estavamos perdidos. Ele telefona pro restaurante e pergunta quais intercessoes proximas a rua do tal. O atendente mal fala ingles. Alem disso, o restaurante estava tao cheio que o atendente mal conseguia ouvir o telefone. Comeco a ficar com fome.

1:30 - Pegamos um dos 35 mapas que estavam no carro. Que fome.

1:45 - O motorista se localiza e em 5 minutos chegamos no restaurante. Ele manda o Michael descer do carro e correr - rapido - para dentro para pegar uma senha. Ele corre, meio incredulo, mas quando ve mais 6 pessoas correndo para dentro tambem, acelera e consegue chegar antes delas. Ele consegue a ultima mesa!

Ufa. Estacionado o carro, abro a porta do lugar e vejo muitas, muitas mesas cheias de orientais. Uns americanos salpicadinhos aqui e acola fazem o ambiente ficar ainda mais internacional. Garcons e garconetes, de gravata borboleta preta seguem empurrando carrinhos carregados de comida. Eles saem por duas portas diferentes, cada carrinho tendo como alvo um lado diferente do salao, de forma que eu - desesperada - nao venha a encontrar meus dim sums frios! No momento que sento na cadeira, cha de crisantemo e servido. Coloco uma pedrinha de acucar e pego nosso primeiro prato: camaroes envolvidos em papel de arroz cozidos no vapor. A garconete anota algo incompreensivel na minha ficha e sai. Logo atras vem outra com mais, mais e mais comida. Nos empilhavamos os pratinhos na mesa, numa mistura de loucura, ganancia e orgulho.

Meia hora depois o xuxu (o dito landlord) ainda pega mais comida dos carrinhos que nao param de passar. Brocoli chines, arroz grudento (sticky rice) recheado com pato. Fico triste porque ja estou sem fome. Passam outros carrinhos e comecamos a recusar comida. No auge da melancolia vejo o que me esta sendo oferecido: uma pasta branca de tofu (e quem disse que tofu nao tem gosto?) com calda de lichia. Desconfiei muito dessa sobremesa pois as que eu tinha comido na casa do proprio xuxu tinham sido horriveis. Mas essa era perfeita, de consistencia perfeita e gosto suave. A outra (sim, comemos duas), era de arroz com uma pasta indefinida dentro. Foi o creme do creme.

Saimos do Oriental East felizes. Felizes com DC, felizes com o Xuxu, felizes com a vida.

Wednesday, August 09, 2006

Home + Sick

Não, não, não. Não vou falar que estou com saudades e aquela coisa toda. Mesmo porque estou mesmo e isso não vai mudar até eu voltar pra casa. A verdade é que estou em casa, à toa, vendo filme e curtindo o calorzinho gostoso (acabou aquela loucura de 40 graus) enquando os vírus infantis me consomem por dentro. É até uma sensação interessante, aquele "biziu" que dá no cérebro, uma sensação de entupimento dos ouvidos, falta de fome, gosto estranho na boca, sede sem fim.

Abri as janelas, desliguei o ar-condicionado - ligado desde o início de julho - xô germes, xô virus, xô coisa ruim! E me pergunto o que ficou encubado nesse ar por mais de um mês, pairando, flutuando feliz até pousar... nem quero pensar onde. (A verdade é que todos meus aluninhos estão tossindo, espirrando... aquela coisa.) Que entrem a brisa da tarde (que há uma semana mais parecia uma lufada de secador de cabelos), o sol quente, os besouros e mostiquinhos, não me importo. Ah, a pombinha continua chocando. Ela está convidada também. Acho que vou por a rede na varanda e fazer meu sudoku. Ah, que dia lindo para se ficar em casa doente!

Thursday, August 03, 2006

O Retorno e Terno*

Meu retorno é terno, é feliz, é esperado. Minha volta, traz à minha volta todos que amo. Meu mundo, minha vida. Minha paisagem, meu cheiro, meu canto (casa), meu canto (voz). Meu, meu, meu, tudo que é meu e que por um tempo deixou de ser. O tempo escorreu como água entre meus dedos e nunca mais há de retornar, passou, lufada de vento forte, não mais hei de viver o que perdi. Tempo, passe rápido! Que eu não te veja aqui, que eu não mais pense sobre os dias, que eu nem olhe as horas. Que o último mês passe como a noite de uma criança cansada: num piscar de olhos.

Meu retorno - seja ele temporário ou permanente - me faz antecipar a saudade que sentirei de pequenas coisas que aprendi a amar. A pomba na varanda, que durante horas espera seu amado voltar para cuidar do ninho enquanto ela busca comida. O menininho, vestido de girafa, com botas de joaninhas, beijando minha foto no meu crachá-colar (como não se apaixonar?). Os passeios ao entardecer, vendo os cervos e as raposas comendo as frutas nos arbustos, a apenas poucos metros de distância. Amo, amo, amo. Mas ainda assim, amo poder voltar.

* (tirei o título de um livro do Rubem Alves)