Wednesday, December 19, 2007


Evicted!

Desde que chegamos aqui (há 3 meses), toda vez que passávamos pelo primeiro andar víamos um "eviction note" numa das portas. Nós sempre comentávamos "por que será que as pessoas que moram aí não tiram esse note?" Deve ser um tanto vergonhoso ser evicted, acho que todo mundo concorda. Hoje voltei do Food and Friends e vi um monte de gente reunida na frente da minha janela do quarto, em volta de uma pilha de coisas. Era como se a CIA ou o FBI, não sei qual faz esse tipo de serviço, tivesse entrado numa casa até bonitinha e vasculhado por documentos ou provas substanciais de alguma coisa. E no fim, de raiva de não terem encontrado nada, tivessem jogado tudo porta afora, de qualquer jeito mesmo, baixelas de cozinha em cima do colchão, almofadas e filmes na grama, documentos ao vento. Vizinhos e transeuntes se divertiam escolhendo as tralhas novas (presentes de natal?), carros paravam e enchiam o porta-malas, tudo milimetricamente calculado pra caber o máximo de coisas possível. Não aguentei, fui no escritório do prédio e perguntei "que fuzarca é essa?" pra ouvir um "don't you worry ma'am, everything will be sparkling clean in the morning". Quer dizer que vai ter um caminhão de lixo ligado em frente à minha janela a noite toda? Que direito essas pessoas têm de jogar todos os bens de uma família (inclusive o carrinho do bebê) na rua, a Deus dará? Bem, admito que algum direito eles devem ter, do contrário não teriam feito isso. Conversando com o Girino, questionei: "será que o dono do apartamento foi deportado? Será que a família toda esta presa em Guantánamo? Ou morreu num acidente aéreo???? Nuca se sabe!", e por fim, a sábia resposta: "se morreu todo mundo, é bom que as coisas dele foram úteis --se ele estiver en guantánamo, ele processa o governo quando sair e fica rico, nao precisa de nada dali". E viva o pragmatismo masculino! Quando mudei de idéia a respeito da história, o secador de alface (o único item da pilha que tinha me atraído) já tinha ido embora. Quem mandou refletir tanto?

Monday, December 17, 2007

Novo Blog

Numa tentativa de não me esquecer mais do número dos pontos, cor das linhas e tempo gasto num projeto (como o meu cachecol na foto), resolvi "blogar" tudo que tenho feito com minhas linhas e agulhas. Se estiver morrendo de curiosidade, dê uma olhadinha no fantástico Slow Knitter!!

Assando Cookies no Fim de Semana

Sexta passada fomos nesse indiano ótimo, indicado por uma colega de trabalho do Michael. Primeiro, o ambiance do lugar é perfeito, tapeçarias lindas nas paredes e almofadas, almofadas, almofadas! Depois, um telão no meio do restaurante fica exibindo video clips de música indiana, todos estrelando artistas de Bolywood que dublam as músicas e fazem coreografias absurdamente adolescentes. Aparentemente os indianos gostam. E nós também. Nós ficamos um recorde de quase 4 horas neste restaurante, de tão entretidos que estávamos com os filmes. Claro que o garçon vir lavar nossas mãos com água morna, uma comida gostosa (que comemos com as mãos) e um show de dança do ventre (o qual a platéia americana acompanhou muito bem) também nos mantiveram ocupados. Quando pedimos a conta descobrimos que nossa segunda sobremesa estava a caminho. Ai que delícia! Adorei mesmo.

Sábado passamos o dia praticamente todo em casa assando cookies natalinos com uma amiga. A idéia inicial era assar um número suficientes de cookies para embalar (eu já tinha até as embalagens na cabeça) e depois dar para nossos conhecidos de presente. Acabou que não deu tão certo assim. Para começar, o glazing (que é o que desenha e colore os biscoitos) que compramos - por termos preguiça de fazer nosso próprio - vazou todo quando assamos os biscoitos. Ou seja: os cookies amanteigados ficaram bem feinhos... Além disso, a massa do amanteigado era muito molenga, dificultando bastante transferi-los pras formas de assar... mas como dizia a música, as aparências enganam e nós já comemos todos, sem excessão (haja esteira depois!). Fizemos também cookies de chocolate chips e gengibre. Esses ficaram MARAVILHOSOS pois os chocolate chips eram de chocolate meio amargo, que amamos.


Fizemos muitos, cerca de 50. E estes também acabaram. Conclusão? Biscoitos são muito gostosos, mas além de dar um certo trabalho, nunca sobram para dar de presente. E o que é pior, como diz o ditado: "a minute on your lips, the rest of your life on your hips".

Friday, December 07, 2007


Semana passada, conversando com uma amiga, resolvi desabafar e confessar meu estranhamento em relação a uma nova amiga iraniana. Meu estranhamento estava todo relacionado em primeiro lugar, obviamente, à minha ignorância; em segundo lugar, estranhava uma moça de 23 anos com um véu na cabeça, blusas de manga comprida, tapada (literalmente) dos pés à cabeça. E questionei (ainda na conversa via google chat com minha amiga) até o (mau?) gosto da iraniana, em querer ser nossa amiga, dado o background judaico e toda cultura sionista do Michael. "Ela gosta de você porquê você é legal", minha amiga falou. E me recomendou um livro, Persépolis, de Marjane Satrapi.

No mesmo dia, comprei o livro na Amazon e graças à eficiência do sistema de correios norte americano, o recebi no dia seguinte. A primeira sensação que temos, quando lendo Persépolis, é uma necessidade incontrolável de não parar de ler, seguida de um apaixonamento inevitável pela personagem principal, ela mesma, Marjane Satrapi. Filha de pais marxistas, bisneta de um dos últimos shahs do Irã, Marjani por lá nasceu e cresceu em meio à crescente opressão das liberdades civis em consequência da revolução cultural. Sua visão infantil (e depois adolescente rebelde) dos acontecimentos é no mínimo emocionante. As ilustrações, sempre num fundo preto, são simples e lindas. Persépolis é uma pérola que me tirou da total e completa ignorância: há mais na Pérsia que meros tapetes.

Wednesday, December 05, 2007



" Sleigh bells ring, are you listening,
In the lane, snow is glistening
A beautiful sight,
We're happy tonight.
Walking in a winter wonderland. "

Tuesday, December 04, 2007


O fim do ano finalmente chegou! Na verdade, esse ano voou! Parece que foi ontem que o Michael foi para a China, que eu fiz os exames de Cambridge, que estávamos arrumando a mudança para cá. Aliás, acho que a mudança fez com que o tempo passasse mais rápido... Quando mudo de casa entro num limbo mental, esqueço de tudo em volta (mesmo porque a bagunça me deixa meio absent minded, acho péssimo ver tudo fora do lugar e ainda assim ter que cumprir com minhas obrigações rotineiras) e acabo só voltando ao normal daí a alguns meses. Ontem organizei os armários (confesso que quando chegamos só queríamos nos livrar das caixas que entulhavam o apartamento, então fomos colocando tudo nos armários para "depois" organizar -- esse "depois" foi ontem) de forma mais prática e conveniente.

O dia todo arrumando coisas, trocando roupas, sapatos e malas de lugar, uma soneca no meio da tarde para repor as energias porque ninguém é de ferro, 60 minutos na esteira, volto pra casa e termino de organizar o armário do quarto. Depois de preparar o jantar (e comer), minha arrumação terminou na Container Store, onde comprei recipientes para abrigar todas toucas, cachecóis e luvas que acumulamos no Canadá. No meio da noite escutamos um barulho na sala... o Muffin (que tinha dormido o dia inteirinho) estava levando todos os cobertores dele para lá e colocando dentro de uma sacola abandonada (propositalmente para ele brincar - coisas de quem tem furão). De manhã encontramos ele dormindo todo enrolado (com frio) em cima de um tapete. Vai entender!

PS: acho que esse pano de prato (na foto) resume tanto minha vida...