Tuesday, January 25, 2005

O Dia

A manhã teria um ar de marasmo e preguiça e a tarde passaria lenta e morna, como num romance de Jorge Amado. Que a noite viria, sem falta, viria, e se tudo desse certo traria consigo um ar refrescante, quase que rejuvenescedor, para nossos corpos. E estaríamos deitados, na grama verde em frente de casa, olhando para o céu cheio de estrelas. Pensaríamos nos anos que se passaram e nos que estão por vir. Nos lembraríamos da família e dos amigos, agora tão distantes mas ao mesmo tão perto dentro de nós. E faríamos conjecturas de como seria se tivéssemos continuado por lá. E sentiríamos saudades. Talvez cairiam lágrimas, algumas lágrimas pela mãe que estaria sozinha em outro continente. O que ela estaria fazendo agora?, nos perguntaríamos.

E ele ficaria sério, como costuma ficar quanto está pensativo. E eu falaria sem parar, moto contínuo, e me lembraria de bons momentos e concluiria que certamente deveríamos voltar para uma visita. E nos convenceríamos de que havíamos feito a escolha certa, apesar de que é sempre difícil saber. Não sentimos falta dos lugares, mas sim das pessoas, diríamos um ao outro. Estaríamos em paz e essa paz transparecería em nossos rostos. Mas teríamos uma dor, também tão aparente quanto a paz, que seria a dor da falta. A falta que tudo nos faz. E a dor de sentir alegria por estar longe de tudo.


No comments: