
Evicted!
Desde que chegamos aqui (há 3 meses), toda vez que passávamos pelo primeiro andar víamos um "eviction note" numa das portas. Nós sempre comentávamos "por que será que as pessoas que moram aí não tiram esse note?" Deve ser um tanto vergonhoso ser evicted, acho que todo mundo concorda. Hoje voltei do Food and Friends e vi um monte de gente reunida na frente da minha janela do quarto, em volta de uma pilha de coisas. Era como se a CIA ou o FBI, não sei qual faz esse tipo de serviço, tivesse entrado numa casa até bonitinha e vasculhado por documentos ou provas substanciais de alguma coisa. E no fim, de raiva de não terem encontrado nada, tivessem jogado tudo porta afora, de qualquer jeito mesmo, baixelas de cozinha em cima do colchão, almofadas e filmes na grama, documentos ao vento. Vizinhos e transeuntes se divertiam escolhendo as tralhas novas (presentes de natal?), carros paravam e enchiam o porta-malas, tudo milimetricamente calculado pra caber o máximo de coisas possível. Não aguentei, fui no escritório do prédio e perguntei "que fuzarca é essa?" pra ouvir um "don't you worry ma'am, everything will be sparkling clean in the morning". Quer dizer que vai ter um caminhão de lixo ligado em frente à minha janela a noite toda? Que direito essas pessoas têm de jogar todos os bens de uma família (inclusive o carrinho do bebê) na rua, a Deus dará? Bem, admito que algum direito eles devem ter, do contrário não teriam feito isso. Conversando com o Girino, questionei: "será que o dono do apartamento foi deportado? Será que a família toda esta presa em Guantánamo? Ou morreu num acidente aéreo???? Nuca se sabe!", e por fim, a sábia resposta: "se morreu todo mundo, é bom que as coisas dele foram úteis --se ele estiver en guantánamo, ele processa o governo quando sair e fica rico, nao precisa de nada dali". E viva o pragmatismo masculino! Quando mudei de idéia a respeito da história, o secador de alface (o único item da pilha que tinha me atraído) já tinha ido embora. Quem mandou refletir tanto?