Thursday, May 01, 2008

Nome de Família

Ontem assistimos no DVD, o filme Nome de Família (The Namesake, em inglês). O filme é baseado no livro de uma das minhas autoras favoritas, Jhumpa Lahiri (que ganhou o prêmio Pulitzer por "O Intérprete de Males" ou "Interpreter of Maladies") e é muito fiel ao livro, que li em 2006. A estória gira em torno do nome de um menino, Gogol, filho de imigrantes indianos, que recebeu um nome provisório pra poder ser liberado do hospital (regras dos Estados Unidos) e depois de ser muito chacotado na escola, já adolescente, resolve trocar de Gogol para o nome permanente, dado pela avó materna, como dita a tradição indiana.

Nome de Família é uma estória muito bonita e o filme é visualmente muito agradável, com todas as cores da Índia contrastadas com o cinza do inverno em Nova Iorque, onde os pais do protagonista vão morar logo após o casamento. O filme mostra a adaptação dos pais de Gogol no país e mais tarde a adaptação dos pais com os costumes dos próprios filhos, criados em uma cultura diferente da deles. O filme não deixa isso muito claro, mas o livro deixa óbvio o "embarasso" que o filho já adulto sente em relação aos pais: os pais não se conformam com os padrões que ele tem em mente, são estrangeiros, têm sotaque, moram em um bairro de classe média e estão sempre com o coração dividido entre os Estados Unidos e a Índia. Acho que foi aí que o livro e o filme me pegaram (mais ainda o filme, agora que estou com os hormônios pululando), e só por precaução é melhor pegar uma caixinha de Kleenex...

É impossível não se identificar ou mesmo se imaginar na posição dos pais de Gogol, afinal somos estrangeiros também e passamos pelo mesmo processo de adaptação (e o mesmo estilo de "vida-limbo": as coisas acontecem na terra natal e se tem notícias vagas por carta ou telefone em caso de morte ou doença; ao mesmo tempo ninguém participa do que acontece na sua vida). Quanto ao nome, também troquei meu nome quando casei e sofri uma crise de identidade que durou anos... mas, no caso do Gogol, a estória por trás do nome dele vem à tona em tempo para que ele começasse a aceitar e até amar suas raízes.

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