Sabado de Outono em Guelph
E sabado de outono. Linda manha de sol, de temperatura agradavel e pela janela da sala vemos as arvores na rua com suas folhas amareladas, como numa aquarela. Mas o que fazer? Com o outono chegando e as escassas opcoes que a cidade oferece na atual etapa do campeonato (vivendo ha dois anos aqui, fica dificil encontrar algo novo que nao seja relacionado a comer), ficamos a nos questionar: o que vamos fazer hoje?
A pergunta ecoa em nossas mentes no momento em que pulamos da cama. Ao fim do cafe da manha -- periodo meditativo que pode ou nao elucidar e iluminar nossas respostas -- a questao se torna insustentavel e nos debatemos sobre o tapete da sala buscando uma solucao que va nos livrar nem que momentaneamente do imenso tedio que nos rodeia.
Uma ida a loja de CDs e a livraria do centro mais tarde, tudo parece menos nublado. De fato, o dia esta bonito e agradavel para uma caminhada no centro, ou quem sabe ate uma corrida mais tarde, no fim do dia. Como preencher porem esse tempo entre o fim do almoco e o inicio da noite? As coisas ficam tensas e perdemos a visao artistica da tarde de outono. O preenchimento do tempo e necessario para que as dores bem guardadas e adormecidas nao se despertem com a chegada do ocio forcado, da preguica da mente e do vazio da cabeca.
Guelph, Guelph, Guelph, o que fazer? Onde me esconder das assombracoes que insistem em me aparecer quando paro para pensar? Como te dizer que la no fundo estou feliz por ir embora e nunca mais passar um sabado me torturando por nao ter o que fazer? Mas como explicar que a vida aqui passa tranquila e que depois de dois sabados agitados no verao escaldante do meu Brasil festeiro, estarei exausta e pronta para voltar?
Acho que me acostumei com voce. Com suas ruas tranquilas, suas estacoes, seus predios velhos e seus canteiros de flores. Com os dias frios e os dias quentes de tedio intenso -- porem felizes.
Sentirei saudades.